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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Um outro olhar

Parceria entre Estados e o Conselho Britânico ensina a melhorar o ensino por meio da observação e análise do que ocorre em sala de aula

Replicar boas ideias e corrigir problemas. Esses são os principais objetivos da observação em sala de aula, método que vem se espalhando nas escolas públicas.
A prática foi trazida da Inglaterra para o Brasil por meio de uma parceria entre governos estaduais e o Conselho Britânico -que começou há seis anos, mas só agora se intensifica e expande.
A ideia é a seguinte: a aula do professor é observada por outra pessoa, que analisa seu comportamento, a reação dos alunos e as atividades realizadas em classe. A observação pode ser feita entre professores ou por um diretor ou coordenador.
A prática não é nova -está na raiz do trabalho educacional. No entanto, diferentemente de países como a Inglaterra, no Brasil ela é pouco usada e sistematizada.
"Há uma resistência à ideia de colaboração, mas está surgindo uma nova cultura", diz Maria Helena Guimarães, coordenadora pedagógica da Parceiros da Educação e secretária estadual na época em que a parceria com SP foi firmada.
Na rede paulista, a observação é ensinada no Programa de Liderança de Gestores, parte de um esforço para que os diretores tenham foco maior na área pedagógica, e não na administrativa.
No momento, 45 supervisores de ensino participam do curso, ministrado pelo Instituto Crescer. Eles implementarão a observação em 230 escolas. Não há prazo de ampliação para toda a rede.
Inês Miskalo, coordenadora da área de educação formal do Instituto Ayrton Senna, vê nisso uma falha. "O que vai fazer a diferença é quando [a ação] é trabalhada como política educacional, e não como [algo] pontual."

DIRETORES
Em SP, os docentes serão observados principalmente por diretores, o que é criticado por José Marcelino Pinto, professor de políticas educacionais da USP Ribeirão. "A ideia do modelo inglês é a troca de experiências, por isso a observação deve ser feita entre professores."
Luciana Allan, superintendente do Instituto Crescer, argumenta que na rede estadual paulista o objetivo principal é desenhar um plano de desenvolvimento profissional para os gestores.
Experiência diferente ocorre na escola estadual José Leite Barros, em Tacaimbó (PE). Depois de iniciar, em 2006, a observação feita apenas pelo diretor, o colégio decidiu que a prática deveria ser realizada entre docentes.
A diretora, Rafaela de Souza, diz que boas ideias já estão sendo replicadas. Exemplo: todos os professores passaram a participar de projetos realizados pela escola, como o que pensa em soluções para mudar o mundo.
Já nas escolas supervisionadas por Silvia Martins Rodrigues, da diretoria de ensino de Itu (SP), isso ainda não ocorre. Assim como a escola de Tacaimbó, quatro colégios de Itu participaram do projeto-piloto de observação com o Conselho Britânico, entre os anos de 2006 e 2010.
Silvia conta que os principais resultados até agora foram a resolução de falhas individuais dos professores -como falar baixo. "Os coordenadores aprenderam a observar, mas ainda não avançaram tanto no que fazer com essa observação."
Outro obstáculo enfrentado no início é a resistência dos professores. Richard Yates, diretor do colégio West Drayton Primary, na Inglaterra, aconselha: "Se o processo é administrado abertamente, assegurando que todas as partes estejam cientes do porquê e do que está sendo observado, a equipe se sente mais confortável".

FABIANA REWALD
DE SÃO PAULO


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